domingo, 31 de julho de 2011

HANG

No ultimo dia (sexto dia) Deus criou os animais domésticos e o homem. E viu que era bom (Genesis 1:24-31.

E todos que tem um animal de estimação sabe como é bom. Mesmo sendo maltratado ele continua abanando o rabo para seu dono e o acompanha para onde ele for. O dono não tem o que comer e nem onde dormir. Dorme na rua, em qualquer canto que encontrar e ele continua ao seu lado. Vai onde ele for. Este é o verdadeiro amor. Amor incondicional.

Ele pode ser deixado longe de casa. Longe, muito longe. Ele volta. Com certeza ele volta. Porque esta é a casa dele. Porque foi ele que a elegeu como sua casa.

Hoje minha família me telefonou dizendo que meu cachorro, meu amigo, morreu. A tristeza pairou sobre todos nós. Mesmo estando longe a tristeza não é menor.

Pode parecer estranho eu falar disto neste blog cujo conteúdo é totalmente diferente. Mas não poderia deixar de prestar esta homenagem a ele falando como ele foi importante para nós. Todos nós.

Era ele que quando chegava de viagem minha esposa abria a porta de casa e ele vinha correndo e pulava sobre mim. E quase me derrubava.

Quando minha esposa saia da cama ele pulava e deitava ao meu lado e não deixava mais ninguém deitar. Se não o deixassem entrar no meu quarto ele ficava na porta e não deixava ninguém entrar.

Quando chegava a hora de dar a volta dele para fazer suas necessidades ele sabia e vinha me chamar e até que eu o levasse ele ficava atrás de mim.

Antes dele nós tínhamos um fox paulistinha que morreu atropelado. No dia seguinte minha esposa foi ao canil e um cachorrinho todo enrugado não saia atrás dela. Para onde ela ia, ele ia atrás. E ela não dava bola para ele. Mas ele não largava dela. Ele a havia escolhido e era assim que tinha que ser.

E assim o Hang foi para nossa casa. Agora tínhamos um Sharpei. E era só alegria. Ele adorava dormir, dormir e dormir. Para brincar era uma dificuldade. Mas não ficava sozinho estava sempre junto de nós. Ele sabia quando um de nós estava chegando e já ficava na porta esperando. E cada vez que um de nós chegava ele fazia uma festa como se estivesse há muito tempo longe. Mas ele era assim. Companheiro de todos os momentos.

Língua roxa e pelo marrom caramelo com duas manchas brancas nas paletas. Sabíamos que ele estava de acordo com os registros cinófilos da raça da variedade americana pois a variedade chinesa é muito enrugado na fase adulta e isto o faz sofrer muito com os constantes problemas de pele. Para o conhecermos melhor compramos livros e DVDs sobre a raça. Ele tinha peso, altura, cor, postura, forma de cauda, as manchas brancas antero-laterais nas paletas. Era um padrão da raça. Infelizmente só fez uma cobertura pois depois que soubemos que ele tinha uma doença congênita e dizem que é da raça, artrose e displasia coxo-femural, não o colocamos mais para cobrir para evitar a degeneração da raça.

Nunca fomos informados que ele poderia ter um problema cardíaco. Mas também nuca demonstrou isto. Era ágil, gostava de caminhar, de correr. Na praia corria o tempo inteiro. Mas preferia ficar na dele deitado na porta da frente. Mas bastava uma moto passar ou um outro cachorro que ele saia correndo. E assim foi até o momento final.

Ele adorava ficar aconchegado junto de nós. Todo enrolado no cobertor. Parecia uma criança. E nós cuidávamos dele como se fosse uma criança. Mas era nosso amigo. E amigo é assim.

Em Provérbio 18:24 está escrito que “Algumas amizades não duram nada, mas um verdadeiro amigo é mais chegado que um irmão”. Em Provérbio 27:9 temos que “Assim como os perfumes alegram a vida, a amizade sincera dá ânimo para viver”.

Infelizmente nós não conseguimos dar o ânimo que ele precisou para viver. Minha esposa estava passeando com ele, correu, brincou com as crianças e depois foram embora. Parecia que tinha pressa de chegar em casa pois a ficou puxando o tempo todo. Parece que ele sabia. Mas não conseguiu chegar em casa. Em determinado momento parou, deitou e morreu. Meu filho tentou fazer massagem cardíaca até o hospital, mas não foi possível salvá-lo.

Nós sabíamos que ele não ia durar muito por causa dos problemas de saúde, artrose e displasia coxo-femural. Tinha dificuldade em se levantar e subir as escadas. Mas como corria. Ele tinha apenas seis anos.

Talvez quem nunca tenha tido um companheiro animal não sabe sobre o que estou falando e pode não entender. Mas quem tem ou teve sabe muito bem. Quem ama os animais ama muito mais os seres humanos. Não é por menos que os animais são fonte de recuperação de crianças; melhoram o relacionamento entre as pessoas; não apenas conduzem os cegos, são amigos e podem, inclusive, entrar em ônibus. Tem alguns que andam de bicicleta com eles; fazem surf; jogam futebol; andam de carro, mas com certeza, preferem ficar com a cabeça para fora tentando comer o vento.

A casa ficou vazia, não tem mais o barulho das patas dele caminhando de um lado para o outro. Não tem mais o horário de sair. Não tem mais que secar a boca dele depois que tomava água porque senão ao balançar aquelas bochechas respingava por todo lado. Não tem mais ele correndo para me receber. Não vai mais ficar comigo no escritório comendo papel. Ele não vai mais ficar nos puxando. Porque na realidade não éramos nós que o levávamos a passear, era ele que nos levava.

Adeus meu amigo nunca nos esqueceremos de você. Não tem como substituí-lo. Porque amor não se substitui. Amigo não se compra se conquista. E isto ele fez conosco. Amor ele teve e como teve.